Raparigas estão a ter o período cada vez mais cedo. Estas são as razões

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[Fotografia: Pexels/Karolina Gabrowska]

As meninas nascidas entre 2000 e 2005 tiveram a primeira menstruação, em média, aos 11,9 anos. Olhando para trás, este valor compara com uma média de 12,5 anos registados nas raparigas nascidas nas décadas de 50 e 60 do século passado.

Uma análise levada a cabo pela Escola norte-americana de Saúde Pública Chan que se socorreu de dados recolhidos junto de 71 341 mulheres que aderiram ao estudo entre 2018 e 2023, ao abrigo do Apple Women’s Health Study. Esta estrutura criada em 2018 e pensada para estudos de longo prazo junta Harvard, o Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental e a Apple, que usa a app de rastreio do ciclo menstrual para recolher dados de dezenas de milhares de mulheres nos Estados Unidos da América.

Para participar na análise, as entrevistadas cederam dados como o ano de nascimento, etnia, estatuto sócio-económico e a idade da primeira menstruação. Estatísticas que foram agrupadas por décadas de nascimento das inquiridas [1950-60, 70, 80, 90 e 2000-2005] para detetar padrões de ciclos menstruais e verificar o quanto mudaram ao longo do tempo.

Segundo o estudo, as mais novas reportaram quase o dobro de menarcas precoces e muito precoces do que as mais velhas, ou seja, cerca de 15% das meninas nascidas após o ano 2000 revelaram ter a primeira menstruação antes dos 11 anos e mais de 1% antes dos nove.

Mas, afinal, o que pode estar a levar a isto? Os investigadores apontam, como aceleradores da puberdade, causas como a obesidade infantil, stress, alimentação pouco saudável e poluição. Mas há outros dados a ter em conta: classes mais baixas e etnias parecem estar mais expostas a estas menarcas precoces. Mulheres negras, hispânicas, asiáticas e mestiças, bem como naquelas de meios socioeconómicos mais baixos revelaram idades mais baixas para o início da menstruação

A análise, que pode ser lida no original aqui, também conclui que as raparigas reportam atualmente maior dificuldade em regular o ciclo menstrual. Se nos aos 50 e 60, quase oito em cada dez raparigas (76%) tinham a menstruação regularizada ao fim de dois anos, esse valor desce agora para pouco mais de metade (56%), interferindo com contagens de fertilidade.

“A menarca precoce está associada a um maior risco para a saúde, entre os problemas estão as doenças cardiovasculares e cancro. Para abordar estas preocupações de saúde – que as descobertas sugerem que podem começar a afetar mais pessoas, com impacto desproporcional nas populações já desfavorecidas – precisamos de muito mais investimento na investigação sobre saúde menstrual”, pede o autor do estudo Zifan Wang, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Saúde Ambiental da Harvard Chan School.