Júlia Pinheiro recorreu à medicina ‘antiaging’ para tratar “afundanço” da menopausa

Júlia Pinheiro
[Fotografia: Instagram/Júlia PInheiro]

Perturbação de sono, nevoeiro mental, perda de memórias, cansaço, uma líbido comprometida e todo um “afundanço”. É desta forma que o rosto das tardes da SIC Júlia Pinheiro descreve os últimos três “avassaladores” anos de dez, quando começou a ter os primeiros sinais de menopausa e avança mesmo: “perdi qualidade de vida” e “a palavra que levo daqui é medo”.

A apresentadora aponta o dedo aos médicos, que não a prepararam para esta realidade e diz ter sido mal acompanhada. Descarta a hipótese de negligência médica, mas fala em “muita falta de informação”.

“Os médicos não me ajudavam [com a menopausa], eu continuava cada vez mais triste, mais frágil”

“O que eu acho altamente improvável, tendo em conta o meu tipo de trabalho, ou não havia ligação entre aquilo que eu estava a sentir e aquilo que eu levava para as consultas com quem me acompanha e que fosse conclusivo”, revela à Delas.pt, acrescentando: “Os médicos não me ajudavam, eu continuava cada vez mais triste, mais frágil.”

Por isso, foi à procura de alternativas. “Eu saí um bocadinho da linha daquilo que era a medicina convencional, ou seja, aquela dos ginecologistas e afins, e fui procurar a chamada medicina antiaging, que não é nada de mais, é aquela que faz a terapêutica hormonal, a que faz a suplementação e por aí fora. É uma coisa mais holística, mas que no meu caso resultou muito bem. Mas há muito preconceito ainda dentro da classe médica convencional”, relata. Uma ajuda que não abrangeu saúde mental à data, mas agrega agora: “Estou a fazer agora terapia, sou acompanhada por um psicólogo porque eu acho que é uma questão de higiene. Não tem a ver com a menopausa, é higiene, é higiene pura”, afirma à Delas.pt.

Agora, num testemunho que revelou na conferência Não fica bem falar de… Menopausa, da Wells, que teve lugar no Teatro Tivoli, em Lisboa, na quarta-feira, 26 de junho, Júlia Pinheiro falou de um período negro. “Comecei a menopausa aos 51 anos e os primeiros correram mais ou menos. Há dois anos e meio e três sofri o que costumo designar afundanço, uma perturbação de sono terrível, deixei de dormir de um dia para o outro, uma revolução avassaladora a nível psicológico, um nevoeiro mental, perdas de memória”, relatou. “Cheguei a estar sentada no programa de tv, no ar e não conseguia ler o texto, ver as letras. Não era o teleponto, era a cabeça”, detalhou. Uma condição que se alastrou à vida íntima, como tantas e tantas vezes acontece na menopausa. “A minha libido ficou com tanta alegria como uma alforreca desmaiada. Eu e o meu marido tivemos de falar sobre o assunto, e tudo se resolveu. Mas esta situação deixa-nos com uma sensação de que ficamos diminuídas”, vincou.

“Acabando-se a idade reprodutiva, já não damos bebés à nação, portanto, é um ‘aguentem-se’. Fico zangada”

Por isso, Júlia quer o tema em cima da mesa e para toda a gente debater. “Isto é uma questão de saúde pública. Há 40, 50 anos houve um grande enfoque na sociedade civil para meter no nosso léxico as questões do acompanhamento ginecológico, da vida reprodutiva, e todas as senhoras passaram para excelente níveis de vida como mães e com filhos. Acabando-se a idade reprodutiva, já não damos bebés à nação, portanto, é um ‘aguentem-se’. Fico zangada”, afirmou. Pediu, por isso, para que as mulheres “apertem com os médicos”. “Façam as perguntas todas, não se deixem despachar com uma resposta simples. O que estão a sentir é difícil de segurar sozinho”, acrescentou o rosto das tardes de Paço d’Arcos.