Egoísmo arrsica ser fruto de lesão cerebral e empatia pode ser treinada

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[Fotografia: Pexels/The Planet Speaks]

E se a empatia puder ser estimulada e treinada? Um estudo que junta especialistas e investigadores das universidades britânicas de Birmingham e Oxford, no Reino Unido, identificou a região cerebral que processa esta emoção: córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC).

A pesquisa teve por base 80 participantes voluntários – sujeitos a experiências que envolviam empatia e compreensão do próximo -, mas divididos em três grupos: 25 com danos naquela região do córtex cerebral, 15 com problemas noutras zonas do cérebro, e 40 classificados como saudáveis. Os que tinham danos na zona do córtex pré-frontal ventromedial revelaram menor propensão para ajudar, mostrado menor motivação mesmo quando decidiam ajudar.

Então, mas como treinar? “Esta zona do cérebro é particularmente interessante porque sabemos que passa por um desenvolvimento tardio nos adolescentes e também muda à medida que envelhecemos”, afirma a autora principal do estudo (que pode ser lido no original aqui), neurocientista e professora na Universidade de Birmingham. Para Patricia Lockwood, o caminho passa por confirmar que “esta área do cérebro também pode ser influenciada pela educação”. “Podemos aprender a ajudar melhor os outros?”, indaga.

A mesma análise indica que há também uma componente biológica associada ao comportamento pró-social, que se desenvolve em grande medida na primeira infância, com a oxitocina a operar como hormona que faz aumentar a confiança e a generosidade entre pares.

A falta de empatia pode, por outro lado, emergir como distúrbio, ou seja, ir muito mais além do que uma demonstração do egoísmo, ficando em maior evidência em casos nos quais foram reportadas alterações no córtex pré-frontal ventromedial do cérebro.

Em fevereiro deste ano, um estudo levado a cabo pelo Hospital Universitário de Würzburg indicava que a empatia se podia aprender, desaprender, alimentar-se e até perder-se subnutrida, e sempre ao longo da vida. O meio em que cada indivíduo se movimenta e as pessoas com quem se contacta são decisivos no treino desta habilidade social de compreender e estimar os outros. Quem o afirma é a neurocientista social Grit Hein que procurou captar o fenómeno através de uma análise que combinou registos neurológicos por ressonância magnética com modelos matemáticos.