Atletas femininas podem ter maior agilidade mental durante a menstruação

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[Fotografia: Pexels/Jeshoots]

Apesar do já sobejamente conhecido humor variável e os sintomas físicos perturbadores – alguns mesmo incapacitantes – estar com o período pode significar mais vantagem para as atletas femininas quando estão em causa capacidades cognitivas como consciência especial e antecipação.

As conclusões chegam de um estudo levado a cabo pela University College London (UCL), publicado na revista Neuropsicologia (e que pode ser lido no original aqui), que analisou quase quatro centenas de participantes. A investigação passou por testar homens, mulheres com contraceção hormonal e as que cumprem ciclos naturais, sujeitando-os a tarefas cognitivas que mediam tempos de reação, atenção, funções visuais e espaciais, entre elas rotação mental 3D, e antecipação de tempo.

“O que é surpreendente é que o desempenho das participantes foi melhor quando estavam menstruadas, o que desafia a ideia que as mulheres, e possivelmente a sociedade em geral, têm quando assumem algo sobre as capacidades que dispõem nesta altura específica do mês”, afirma a principal autora do estudo e professora associada no Instituto do Desporto, Exercício e Saúde da UCL, Flaminia Ronca. Por contraste, essas mesmas capacidades parecem registar um declínio quando as atletas estão em período de ovulação ou na que se lhe segue: a fase lútea.

A autora espera que este ponto de partida possa ser caminho para “diálogos positivos entre treinadores e atletas sobre perceções e desempenho: o que sentimos nem sempre reflete o nosso desempenho”. Dados relevantes para as próprias mulheres que praticam desporto uma vez que as mesmas revelaram, durante o estudo, um desfasamento entre a ideia de uma prova em que saíram prejudicadas porque estavam com a menstruação quando, na verdade, foi identificado o contrário.

“A minha esperança é que, se as mulheres entenderem como os seus cérebros e corpos mudam durante o mês, talvez tal as ajude a adaptarem-se”, afirmou a coautora da equipa que fez o estudo Megan Lowery.