Álcool gel e eczema nas mãos? Dermatologista explica efeitos do uso excessivo

A woman itching the back of her hand
[Fotografia: Istock]

Álcool gel sim, a 70º, mas com moderação. O uso de uma solução desinfetante é imprescindível em tempo de pandemia provocada pelo novo Coronavírus e para evitar a propagação do vírus. Porém, ela não pode ser usada como o único elemento deste processo uma vez que o seu uso excessivo pode provocar patologias na pele e às quais se deve estar atento.

Quem o diz é João Maia Silva. Ao Delas.pt, o professor e dermatologista explica que “a doença mais comum [por uso excessivo de álcool gel] é o eczema”. “Neste contexto, resulta da pele se tornar excessivamente seca e do efeito irritativo direto dos desinfetantes. Surgem áreas vermelhas, secas e descamativas, muitas vezes pruriginosas, que provoca comichão, nas áreas de contacto com o álcool, normalmente no dorso das mãos com acentuamento sobre as articulações”, especifica o dermatologista no Hospital CUF Descobertas e na Clínica CUF Alvalade.

Ora, tal acontece porque – como justifica o especialista – ao remover a gordura da pele, o álcool também a seca. “Imagine-se uma parede de tijolo coberta de reboco. O reboco protege a parede das agressões externas e previne a passagem de água. Ora, o álcool remove o “reboco” da nossa pele, torna-a mais permeável à água que facilmente se evapora e dá origem a secura extrema da pele”. Para lá deste efeito, o dermatologista lembra que o uso excessivo “torna a pele mais sujeita à penetração de alergéneos e, imagine-se, à fixação de bactérias. Uma autêntica faca de dois gumes”, alerta João Maia Silva.

Mas, então, qual a melhor solução? “Para minimizar os efeitos anteriormente descritos, deve-se lavar as mãos e usar desinfetantes de forma racional. Simultaneamente, deve-se hidratar regularmente as mãos durante o dia em especial após as lavagens”, recomenda. Passos que não inviabilizam o recurso a um especialista. “Se as queixas surgirem, deve ser pedido auxílio a um dermatologista. Agora, durante a pandemia e para evitar deslocações ao Hospital, fazendo a consulta remotamente, por teleconsulta.”

Quanto às luvas, João Maia Silva lembra que “são úteis no contexto de pandemia, mas se surgirem eritema ou comichão nas mãos, é de considerar que poderá ser motivado pelo seu uso”. Afinal, justifica, “pessoas com alergia ao latex devem ter particular atenção sob risco de desenvolverem eczemas de contacto“. Em circunstâncias normais, o especialista lembra que “as luvas ajudam na proteção contra o Covid-19 porque protegem o contacto com superfícies infetadas e dissuade o toque das mãos com a face”.